Me Livrando de Nietzsche
- Jaime Silva
- 6 de ago. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de ago. de 2018
Uma piada?

É apenas uma brincadeira meus caros. “Me Livrando de Nietzsche” nada mais é do que tornar livro ou escrito aquilo que já foi lido, ruminado, compreendido, tornado uma parte da força que nos forma e finalmente uma ação (ou um comportamento).
Demoramos em demasia para nos livrarmos de nossas grandes paixões. Elas precisam nos abalar primeiro, são avassaladoras.
Acredito que só seja possível se livrar daquilo que já nos causou impacto, apenas isso nos pertence. Aquilo que já não amamos tanto. Nossos pensamentos que já não nos são tão especiais deixamos na forma de uma fala ou escrito. Os mais nobres ainda são pensamentos tempestuosos demais para as suaves linhas de uma pena. O resto (outro pensamentos que despretensiosamente compartilhamos sem ler) é algo que roubamos por um momento e esquecemos no momento seguinte. Às vezes vejo essas comunidades sobre o Nietzsche (em todas as redes sociais) em que as pessoas pegam uma imagem de impacto e colocam um aforismo do Nietzsche.
Tipo uma imagem de uma montanha e diz que quanto mais alto menor parece aos olhos daqueles que não sabem voar. Pergunto-me se existe alguma compreensão do que Nietzsche quis dizer. Talvez compreensão seja pedir demais, talvez eles consigam pensar pelo menos uma parte da complexidade de termos fluídos e interligados da filosofia de Nietzsche. O primeiro desafio, aquilo que deixou Zaratustra decepcionado na praça do mercado, foi que os homens não tinham ouvidos para o seu discurso. Será que 118 anos após a morte do autor do Zaratustra os homens continuam sem ouvidos? Ou assim como o Zaratustra estamos procurando no lugar errado? Devemos nos voltar para os solitários?
Eis que a primeira exigência feita por ele: para ter um mínimo de entendimento do pensamento de Nietzsche devemos pensar junto com ele. Temos que sentir afetos irmãos dos afetos que ele sentiu, temos que olhar o nosso mundo e a nós mesmos com os olhos dele no século XIX. Se os mesmo olhos encontram-se distantes, que arranjemos outros semelhantes e mais novos. Olhos que já viram auroras que o filosofo de bigode grande não viu. Assim será possível pensar o homem que se supera a cada dia e a cada momento, seja lá o que isso quer dizer (risos, afinal é apenas uma piada).

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