A Liberdade e a crítica nietzschiana - parte 1
- Jaime Silva
- 11 de ago. de 2018
- 2 min de leitura
Pode-se entender o conceito de liberdade de várias perspectivas distintas. No entanto, a mais utilizada na filosofia e que acabou sendo passada para as ciências humanas e sociais é a de que um ser livre, isto é, um ser que não tem causa exterior a ele que o obrigue, responsabilize ou o motive. É este conceito que acabou sendo chamado de Livre-arbítrio. É o conceito estudado na filosofia antiga com Platão e também com Aristóteles que define, no caso do mundo humano da seguinte maneira: “Nas coisas em que a ação depende de nós a não-ação também depende; e nas coisas em que podemos dizer não também podemos dizer sim. De tal forma que, se realizar uma boa ação depende de nós, também dependerá de nós não realizar má ação” (Abbagnano, 2007). Em seguida pode-se entender como Aristóteles afirma que “o homem é o princípio e o pai de seus atos, assim como de seus filhos” (Abbagnano, 2007).

Essa ideia de liberdade em Aristóteles, que entende as ações humanas como causa de si mesmo, deixa apenas para o homem a causa de suas ações como se ele não recebesse nenhuma influência (interna ou externa). Ao longo da história da filosofia esse conceito de liberdade é repassado entendendo sempre o homem como livre de influências externas (e internas) ao agir diante do mundo e do outro, ou seja, dotado de livre escolha.
Na Idade Média esse conceito passou por Santo Agostinho no livro “O Livre arbítrio” onde atribui a ideia de pecado ao homem e não a Deus (criador do homem e do pecado), pois o homem tem o livre arbítrio de escolher pecar ou não pecar (escolher o mal e responsabilizar o ser humano por isso), ou seja, de se submeter as suas paixões deixando a razão de lado e não controlar as paixões. Dessa forma o Mal nasce do homem através do livre arbítrio e não de Deus, ou pela escolha de uma ação no lugar de outra (Lobosque, 2010).
Essa ideia chega ao século XIX junto com os ideais modernos (liberdade individual, democracia, igualitarismo, etc.) como o entendimento de que o sujeito livre inserido na ordem racional das relações sociais (que o estado iria ofertar) faria as melhores escolhas e criaria o melhor dos mundos onde não haveria opressão, violência, exploração, etc. (Giacoia Junior, 2000).
Referencias
Abbagnano, N. (2007). Dicionário de Filosofia. São Paulo : Martins Fontes.
Giacoia Junior, O. (2000). Nietzsche. São Paulo: Publifolha.
Lobosque, A. M. (1 de Dezembro de 2010). A vontade livre em Nietzsche. Acesso em 28 de Julho de 2012, disponível em www.bibliotecadigital.ufmg.br (link)
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