A Vida no Universo
- Jaime Silva
- 6 de ago. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de ago. de 2018
A vida nada mais é que uma força que deseja mais força, mais potência. Afinal: Onde encontrei vida, encontrei vontade de potência; e ainda na vontade do servo encontrei a vontade de ser senhor.

Antes de mostrar qualquer coisa é extremamente necessário mostrar como a vida é vista por Nietzsche e para mostrar o que é a vida é necessário mostrar como ele entende o universo. Para Nietzsche, o cosmos é formado pelo quê?
Ele entende que o mundo (todo o universo) é um conjunto enorme de forças; também chamadas de impulsos, paixões ou vontades primitivas. Para ele essas forças estão em conflito mútuo o tempo todo. Essa luta nunca vai gerar uma força (ou conjunto de forças) que vence, mas existindo apenas um resultado parcial. Em uma época uma força (ou conjunto de forças) domina outra força, a luta continua e essa força poderá ser dominada por outra. Imagine um torneio de futebol onde os times jogam todos contra todos como na fórmula de pontos corridos, mas sem fim. Apenas um time dominando por um período de tempo e sendo dominado em outro período. Essas vontades podem agir apenas sobre outras vontades, não podem influenciar a matéria, por exemplo. Apenas o resultado parcial que pode chegar à matéria. Pode-se entender esse universo como a junção da força da gravidade, as energias térmicas, luz, a dinâmica econômica, nossos desejos psicológicos, etc. Tudo em um imenso cosmos em luta, que gera o que conhecemos como fatos.
Existem conflitos tanto na natureza como na vida social: patrões querendo pagar um salário menor para ficar com mais lucros e empregados querendo um salário maior por diversos motivos.
Exemplo: Quando chove foi por que a água que evaporou torna-se vapor de água e se eleva por ser mais leve que o ar, depois esse vapor de água forma nuvens que ao encontrarem massas de ar frias volta a ser tornar água (liquefação), como a água é mais pesada que o ar não, consegue se sustentar nele e cai na forma de chuva. O calor do sol, a água, o ar, a gravidade, e as leis físicas que explicam essas transformações são forças lutando entre si. A gravidade não consegue dominar o vapor de água no primeiro momento, mas no final consegue dominar a água originando a chuva. Vários exemplos poderiam ser mostrados não apenas na natureza, mas no mundo humano também (patrões querendo pagar um salário menor para ficar com mais lucros e empregados querendo um salário maior por diversos motivos).
Segundo Nietzsche, a vida nasce dessas forças. Uma forma que a vontade de potência assume é a vida. Nosso corpo é apenas uma forma que essa vontade assumiu.
São essas forças que ele vai chamar de vontade de potência, por se tratar de uma força que se expressa como uma pulsão de força que deseja cegamente se expandir[1]. A natureza, bem como as forças da natureza, é vontade de potência. Tudo é vontade de potência. Segundo Nietzsche, a vida nasce dessas forças. Uma forma que a vontade de potência assume é a vida. Nosso corpo é apenas uma forma que essa vontade assumiu. Não entenda que a vida é algo ruim, como às vezes vemos o mundo cheio de guerras, tragédias naturais, fome, pobreza, etc. Isto é apenas uma coisa chamada avaliação (valorização moral), um modo de avaliar, que temos da vida[2]. A vida em seu estado natural não tem avaliação. Para Nietzsche o aspecto geral da vida é riqueza, exuberância e esbanjamento. A vida segue seu curso natural e se expande obedecendo à vontade de potência. Nossa vida orgânica segue instintos naturais. Todos nossos processos são no fundo essa vontade de potência. Por isso que ele vai dizer no livro Assim falou Zaratustra: “Onde encontrei vida, encontrei vontade de potência; e ainda na vontade do servo encontrei a vontade de ser senhor”. Ele está dizendo que quando a vida segue seus instintos naturais ela gera riqueza e exuberância como sendo o resultado dessa guerra interminável de forças; afinal a vida é vontade de potência. Basta observar a dinâmica dos animais (presa e predador) em uma floresta natural ou das plantas que crescem apesar de serem puxadas pela força da gravidade. Essas forças e instintos são a vida.
[1] Uma força que quer mais força, mais potência. [2] No capitulo sobre moral veremos melhor essa ideia.
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