“Aquilo que se faz por amor está acima do bem e do mal”
- Jaime Silva
- 10 de ago. de 2018
- 2 min de leitura

Muitas vezes as pessoas se confundem com essa, e tantas outras, frases do filósofo Nietzsche. Ele escreveu está frase no livro Além de Bem e Mal em meio a outros aforismos. Fazer entendimento de forma literal desses aforismos é, na grande maioria das vezes, um erro enorme. Ele raramente queria dizer exatamente o que escreveu, ele está em busca do leitor capaz de pensar junto com ele, capaz de sentir o que ele sentiu.
Por que existe tanto mal entendido e confusão quanto à filosofia de Nietzsche? Primeiro ele escrevia por aforismos e você tem que interpretar. Ele faz isso por dois motivos. Escolher (selecionar) os seus leitores, não queria que qualquer um lê-se ele, queria que aqueles capazes de pensar junto com ele lessem seus livros. Isso leva ao seu intuito de instigar o pensamento e interpretação. Não queria que as pessoas continuassem como “tábulas rasas”. A outra confusão foi sua irmã. Elizabeth em sua ânsia por fama que o irmão não teve começa a juntar notas para livros que o irmão não publicou e forja um livro chamado “Vontade de Potência” onde, nesse livro especificamente, a filosofia dele é associada ao antissemitismo e ao nazismo. Ela divulgou a obra do irmão dessa maneira.
O amor ativo (nietzschiano) se apresenta como um desejo de se comunicar com o outro de forma interessante e intensiva, mas jamais de forma carente e extensiva.
Então sua filosofia permaneceu por muito tempo sendo usada para algo que ele, declaradamente, não queria. Até os irmãos Giorgio Colli e Mazzino Montinari estudarem a obra e as notas em ordem cronológica e entender melhor sua filosofia.
Nietzsche avalia esses tipos pelo quanto elas afirmam a vida, e percebe que uma afirma a vida enquanto a outra nega a vida. Quando foram criados os dois tipos, escravo e senhor, um foi criado como ativo e o outro como reação do primeiro. A moral dos senhores foi criada tendo como base o amor, enquanto a outra teve como base o ódio. A função desta segunda seria reagir à primeira.
O amor ativo (nietzschiano) se apresenta como um desejo de se comunicar com o outro de forma interessante e intensiva, mas jamais de forma carente e extensiva. A ilusão que criamos da necessidade pela falta e chamamos de desejo é algo que nasce de uma forma baixa de existir no mundo. Pautada pelo bem e pelo mal, por isso que aquilo que é feito por amor está acima do bem e mal, por que ele fala de um amor que foge ao amor necessitado (baseado em um buraco que tem que ser preenchido), carente que gera o desejo de domínio do outro. O tipo reativo deseja dominar, ele só age depois que o tipo ativo age, age apenas como reação de uma atividade primeira. E cria um manto moral para cobrir as ações daquele tipo forte que age segundo seus impulsos de afirmação da vida. Isto eles chamam de mal, o seu contrario de bem. Logo, aquilo que é feito por amor (à vida), está acima de bem e mal...
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